Venho defendendo incessantemente neste espaço a valorização do jogo como ferramenta necessária e central do processo pedagógico do esporte.
Em todo texto que trato do assunto, destaco a importância do jogo, uma vez que através de sua capacidade de ascensão ao lúdico, é capaz de tornar o ambiente de aula desafiante, motivador o que faz os alunos/atletas mergulharem dentro de sua lógica, buscando resolver os problemas impostos afim de conseguir alcançar êxito através do indissociável binômio técnica/tática inerente ao futsal.
No entanto, em recente percebi a importância que a discussão sobre o jogo como ferramenta pedagógica deve ter, uma vez que a utilização de jogos pode servir apenas para tapar buracos metodológicos. Ou seja: “se não sei o que fazer, então vou lá e dou um joguinho”.
A tirinha do Calvin que inicia este artigo vem fazer a crítica a esse pensamento. Um jogo, cuja razão de existir é sem importância para o jogador, cujas regras são mal construídas, cujos objetivos não tenham clareza com a proposta da aula, não terá em si a existência do apelo à ludicidade, a presença do desafio, da auto-superação. Portanto, o aluno não irá jogá-lo, ou, se o fizer, estará ali executando uma tarefa que não terá finalidade com o treino, ou seja, mesmo tendo a ?cara de jogo?, este será vazio.
Dessa forma, destaco com essa tirinha que não basta a atividade ter a estrutura do jogo, pois mesmo que o desafio seja lançado – “Estou pensando em um número entre 1 e 7 bilhões, tente adivinhar?” – caso ele não seja realmente significativo ao jogador, o interesse logo acabará e o jogo não mais existirá. O pensamento do professor que usou o jogo em sua aula será: “Qual é o problema, vocês não gostam de jogos?”
Conclusão, o emprego equivocado do jogo, apenas como um momento isolado da aula, sem sua verdadeira função pedagógica retornará uma resposta que poderá ser negativa para o planejamento da aula. Isso pode acarretar um julgamento precipitado de que “ensinar pelo jogo não dá certo” – o que geralmente pregam os tradicionalistas do ensino do futsal.
Ora, de quem será realmente o problema? Da metodologia ou do professor? Devemos nos atentar a isso, inclusive em nossa própria ação pedagógica.
Destaco, portanto: devemos usar o jogo, porém não fazendo dele parte isolada e descontextualizada da aula, mas sendo ele a aula em si, aproveitando o momento onde está latente a necessidade de resolver os problemas para propor novos desafios a partir da dimensão estratégico-tática do jogo.
Para isso podemos usar jogos adaptados do jogo formal, jogos pré-desportivos, espaços reduzidos ou amplificados, sobrecarga ou menor carga numérica de jogadores, diferentes tipos e quantidades de implementos, alvos e número de equipes. Em fim, é surpreendente como com toda a riqueza de possibilidades pedagógicas do jogo, ainda assim, somos capazes de deslizar e perder essa ferramenta tão importante na pedagogia dos esportes coletivos.
Portanto, não basta ser jogo! Ele tem que fazer parte do processo pedagógico de maneira significativa e central.
PENSO QUE O JOGO PARA NÃO SER APENAS ALGO PERDIDO NA PRATICA DO FUTSAL DEVE DESDE O INICIO DO TREINO TER SEUS OBJETIVOS TRAÇADOS E SEGUIR AQUILO QUE O TREINADOR DESEJA PARA SUA AULA, CASO ISSO NÃO OCORRA PASSA A SER UM TREINO PERDIDO E INFUNDADO NÃO OBTENDO RESULTADO.
ResponderExcluirParabéns prof., seu artigo se aprofunda naquilo que se torna urgente no Brasil, o desenvolvimento cognitivo dos nossos futuros atletas, nada mais praseroso que faze-lo através de jogos bem elaborados e bem contextualizados. Nosso País precisa ser outro pós jogo Santos X Barcelona. Como referiu o prof. Ferretti: Clubes perguntes à seus técnicos de futsal como fazer isto.
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