Considerando
as ações de finalização como objetivo principal da fase ofensiva do jogo, estas
podem ser consideradas importantes indicadores do rendimento das equipes em
jogos de futsal, responsáveis também pela classificação final nas competições.
Assim, torna-se relevante discriminar os diversos aspectos técnico-táticos
relacionados às situações de finalização, a fim de termos um levantamento mais
detalhado sobre a forma como as equipes finalizaram na final do Mundial de 2012.
"Esse processo
de observação, obtenção e análise das ações presentes em jogos tem sido
denominado, com frequência, por análise de jogo, bem como observação de jogo ou
análise notacional (SOARES; GRECO, 2010)."
Muitas equipes
esportivas utilizam esse processo por ser possível obter informações a respeito
do aprimoramento da eficácia do atleta, além de permitir uma melhor compreensão da dinâmica de jogo e, desse modo, aperfeiçoar o
desempenho individual e coletivo.
Neste
contexto, considerando a importância da finalização em jogos de futsal, seus diversos
aspectos técnico-táticos inerentes e sua possível influência no rendimento da
equipe, justifica-se a utilização do processo de análise de jogo para verificar
a participação das finalizações como um dos fatores de rendimento das equipes.
Baseando-se
nas informações acima, o presente estudo consiste na análise notacional manual de ações ofensivas de
finalização da Final da Copa do Mundo de Futsal FIFA de 2012, utilizando um
campograma para anotá-las, assim como seus resultados.
O campograma é
utilizado como uma representação gráfica de uma quadra ou espaço de jogo em
tamanho reduzido, que divide a quadra em setores por meio de linhas imaginárias
que podem ou não utilizar demarcações existentes como referências, para a
realização de análises técnico-táticas.
Há diversos
usos para os campogramas existentes, seja para observar áreas de atuação
durante a partida, ou de ocorrência de determinadas ações nas regiões
determinadas. As variáveis selecionadas são representadas graficamente no
campograma, seja por notação computadorizada ou pela notação manual.
Para o estudo,
foi utilizada a planilha de scout elaborada
por Vilhena et al. (2005), que utiliza as próprias demarcações oficiais da
quadra como referências para a formação dos setores imaginários onde as ações
são assinaladas.
Além disso,
foi proposta a divisão das metas dos goleiros com linhas imaginárias em dez setores
de tamanho igual, a fim de determinar os setores onde as finalizações que se
converteram em gols se mostraram mais freqüentes.
As variáveis observadas foram:
1. Setor de Finalização –
é observado o local onde ocorre o ato de finalização em si. No presente estudo
foi utilizado um campograma dividido em 10 possíveis zonas de finalização
(Figura 1).
1. Situação da Finalização
– foi considerada a circunstância que permitiu a finalização à meta adversária
- Jogo Organizado: forma racional e planejada (organizada) de aplicar um sistema de jogo, a fim de tirar vantagens de todas as circunstâncias da partida e obter resultados nas manobras realizadas (MUTTI, 2003)
- Contra-Ataque: elemento técnico-tático ofensivo onde a equipe recupera a posse de bola e sai rapidamente para o ataque buscando a finalização diante de uma defesa adversária desestruturada e em inferioridade numérica.
- Bolas Paradas: são ações de tiros livres diretos e indiretos, arremesso lateral, arremesso de canto, arremesso de meta e bola de saída que tem por objetivo principal ludibriar a equipe adversária, através de fintas, dribles ou deslocamentos rápidos, e assim possibilitar que a equipe chegue facilmente à meta oponente (MUTTI, 2003).
3. Resultados
a) Gol
: Quando a bola ultrapassar inteiramente a linha de meta entre os postes de
meta e sob o travessão.
b) Trave:
Quando a bola bater em um dos postes da meta ou no Travessão.
c) Defendido
pelo Goleiro: Quando o goleiro conseguir controlar a bola, ou seja, não dando
rebote na ação de finalização do adversário. ( Foi considerado defendido pelo
goleiro as defesas realizadas em “ Dois Tempos”)
d) Rebatido
pelo Goleiro: Quando o goleiro rebate a bola finalizada pelo adversário.
e) Interceptado
pela Defesa: Quando no ato da finalização a defesa adversaria
f) For
a Lateral
g) For
ao Alto
Procedimentos
A técnica de
observação utilizada foi a análise centrada no jogo, a partir das partidas
gravadas em transmissões televisivas.
O processo de análise
de dados foi realizado pelo autor do blog, que utilizou, quando necessário, o
comando pause e a repetição de jogadas para melhor avaliação da situação.
Além disso, as
situações que geraram dúvidas, quanto à clareza da situação presente no jogo,
foram submetidas novamente à análise. Foi analisado um jogo por dia, para
evitar o cansaço mental e, consequentemente, interferência na qualidade da
análise.
Tabela 1
Total de
Finalizações
Conforme pode
ser observado na Tabela 1, foram registradas 86 finalizações, sendo que 44 foram
da equipe Espanhola, e 42, da Equipe Brasileira. Em relação ao número de
finalizações, não houve diferença significativa quando comparados, confirmando
o equilíbrio técnico entre as ambas as equipes.
A seguir,
serão apresentados os valores relacionados ao detalhamento das finalizações.
Tabela 2
Finalizações
por Setores
De acordo com a Tabela 2, os
setores em que mais ocorreram finalizações, foram no Setor 5 seguidos pelos
Setores 4 e 6 respectivamente, chama-se a atenção que todos esses Setores estão
localizados na mesma horizontal da quadra ( Quadra1) e quando comparamos ambas
as equipes não houve diferenças significativas.
Tabela 3
Situações
de Finalizações
É possível
observar, pela Tabela 3, que ambas as equipes optaram pela finalização através do
jogo organizado, seguido da bola parada e do contra-ataque. Um fator que pode
explicar a predominância do jogo organizado é a valorização da posse de bola, a
fim de criar movimentações até se chegar ao gol adversário; outro fator pode
ser o tamanho da quadra, em jogos internacionais, que permite um espaço
propício às movimentações e criações de jogadas. Vale destacar que, na situação
de jogo organizado, observou-se diferença entre as duas equipes.
Tabela 4
Situações
de Finalizações nos Setores
Observando
a tabela 4 conclui-se a seleção Brasileira quando optou por finalizar através do
Jogo Organizado teve sua predominância nos Setores 5, seguido dos Setores 8 e 6
respectivamente. Já nas Situações de Contra ataque se deu nos Setores 3, mas
seguidos pelos setores 5 e 2. Nas Situações de Bola parada a seleção Brasileira
concentrou suas finalizações nos setores 4 e 5.
Observando
a tabela 4 conclui-se quando a Seleção Espanhola optou finalizar através do Jogo
Organizado teve sua predominância nos Setores 5 seguido dos Setores 4 e 6
respectivamente. Já a Situações de Contra ataque também se deu nos Setores 5,
mas seguidos pelos setores 4 e 3. Nas Situações de Bola parada a seleção
espanhola dividiu suas finalizações pelos setores 5,6 e 8 respectivamente.
Tabela 5
Resultados
das Finalizações
Observa
na Tabela 5 que ambas as Seleções tiveram suas finalizações interceptadas pela
defesa, resultados que podem ser explicados pela
eficiência da defesa, principalmente pelas ações de retorno defensivo, das
coberturas. Houve uma diferença significativa a favor da seleção espanhola
nesse quesito quando comparada com a seleção brasileira, o que pode se concluir
que a defesa brasileira esteve mais ativa durante o jogo.
Tabela 6
Situações e
Resultados das Finalizações
Nessa Tabela 6 observamos que quando o Brasil optou por finalizar através do Jogo Organizado
teve como resultado “ For a Lateral”, mas devemos ressaltar que obteve seus Gols
através dessa Situação.
Quando a
seleção Brasileira contra-atacou teve como resultado suas ações sendo Rebatida
pelo Goleiro seguida de Interceptada pela defesa.
As ações de
Bola Parada do Brasil tiveram como resultado a Interceptação da Defesa, mas
essa situação também lhe rendeu um gol.
Já a seleção
Espanhola quando optou por finalizar através do Jogo Organizado teve como
resultado a bola “ Interceptado pela Defesa”.
Quando a
seleção Espanhola contra-atacou parou suas ações sendo “Interceptada pela
Defesa”.
As ações de
Bola Parada da Espanha tiveram como resultado a Interceptação da Defesa, mas
foram nessa Situação onde ocorreram todos os seus gols durante a partida.
Tabela 7
Finalizações
dos Jogadores
Quando analisamos o Tabela 7 percebemos que o jogador que mais finalizou pela seleção Brasileira foi o NETO, com um total de 8 finalizações, seguido por ARI, JÉ e FALCÃO com 7, 6 e 6 respectivamente. Já pelo lado da seleção espanhola foi MIGUELIN, com um score de 9 finalizações na partida, seguido de TORRAS, ORTIZ E FERNANDÃO com 7 finalizações cada. o jogador que mais finalizou
Tabela 8
Finalizações
dos Jogadores por Setores

Já a Espanha
teve TORRAS como o jogador que mais finalizou em um mesmo Setor, ele acabou
finalizando 5 vezes do Setor 5.
Tabela 9
Situações
de Finalizações de cada Jogador
Na tabela 9 percebe-se que na situação de Jogo Organizado a seleção Brasileira usou mais os jogadores Falcão Neto e Jé. Já nas Bolas Paradas o percebe-se que Ari era o responsável pelas finalizações.

Pelo lado da
seleção espanhola o jogador que mais finalizou nas Situações de Jogo Organizado
foi o atleta Fernandão, uma possível explicação é a sua posição privilegiada
próxima à meta adversária, já que o mesmo executa a função de pivô de
referencia da seleção espanhola. Já nas Situações de Bolas Paradas os
responsáveis pelas finalizações foram divididos entre Ortiz e Miguelin, resultados
que podem ser explicado pela excelente qualidade de ambos os jogadores na
técnica de finalizações.
Olá, por favor, é possível postar as referências bibliográficas?
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