Os problemas da especialização precoce em busca do resultado


Neste texto quero compartilhar uma preocupação com a especialização precoce de atletas no contexto da formação no Futsal. A discussão não será quanto ao treinamento biológico precoce, mas quanto a especificação da posição, da falta de uma construção do conhecimento geral para o específico, deixando de promover a vivência e acompanhamento de todas as fases, sem prejudicar o aluno no seu processo de aprendizagem e aperfeiçoamento.

No dia-dia de treinamento de categorias de base chegam muitos alunos que não têm conhecimento sobre os conteúdos básicos do Futsal e nem mesmo possuem um aprendizado anterior satisfatório para alcançar a meta do grupo, e muitas vezes não temos tempo de ensiná-los, sem pular etapas do treinamento, por já estarmos no meio do planejamento, ou quando já estamos com algumas metas traçadas. Porém, um erro grave e comum é colocá-los em uma posição durante os jogos ou coletivos em que eles não “atrapalhem” o treinamento ou onde “prejudicam” menos.

Nesta questão, quando um aluno chega nesta situação e o colocamos para jogar, em uma posição que julgamos menos complexa e lá o deixamos, estamos especializando precocemente um aluno que não passou por todas as fases do aprendizado. Em alguns de nossos textos publicados, falamos sobre o processo de ensino aprendizagem, em que envolvem os princípios operacionais e as fases do aprendizado para os jogos.

Relembrando os princípios operacionais do jogo, o aluno especializado precocemente saberá efetuar estes princípios, porém, somente na posição específica, ou seja, ele aprenderá estes princípios operacionais limitados a ação da posição, e no quando este aluno precisar, em um momento mais complexo do jogo, realizar alguns destes princípios em outra posição, ele não o executará com confiança, não terá habilidade, visão de jogo, entendimento e precisão para a tarefa proposta.

Um exemplo é quando o professor coloca um aluno para ser Pivô, por ele ser muito habilidoso e lá vai fazer muitos gols, e então esse aluno faz todo o treinamento nesta posição. Ele saberá atacar muito bem, e até mesmo saberá enfrentar a situação de 1×1 nesta posição. Porém, quando o jogo tornar-se mais complexo, com trocas de posto, cruzamentos, ele não saberá marcar ( no futsal atual uma caracteristica essencial), e isto será prejudicial do ponto de vista tático para o grupo.

Por isso, é assustador ver quando uma equipe de base, em que há diferenças de idade, tanto cronológicas quanto biológicas entre os jogadores, coloca os “menos/mais habilidosos” ou que ainda não entendem o jogo formal para jogar em posições “menos prejudiciais”, e acabam formando vários atletas especializados precocemente.

Concordo com a ideia de Grecco (1995), que a partir dos 15, 16 anos, os atletas devem estar preparados para assumir funções específicas dentro da modalidade coletiva, Porém se uma criança resolve aprender a jogar futsal aos 15, 16 anos, sem nunca ter praticado nenhum esporte antes, essa criança teoricamente não terá um repertório motor, cognitivo e psicológico, e não porque ela tenha a idade certa para a especialização essa criança será especializada, a especialização dos jogos desportivos coletivos é uma etapa subseqüente à iniciação esportiva. Os atletas precisam ter o conhecimento técnico e tático de todas as funções e de todos os tipos defensivos e ofensivos para que então ocorra a especialização em questão.

Assim, a especificidade do gesto técnico ou a definição de uma função na quadra devem estar de acordo com as experiências vividas anteriormente. Ou seja, este aluno precisa passar por todas as etapas do processo de aprendizado da modalidade para que então ele defina uma posição.

É importante que estes atletas tenham competências para concentrar suas ações e capacidades nos princípios que regem o jogo, como comunicação, posicionamento em espaços vazios, antecipação de ações ofensivas e defensivas, em todos os espaços do jogo.

Por isso, é necessário promover a passagem destes alunos pelas etapas do processo de ensino da modalidade de maneira global antes de chegar ao específico, para que, quando for o momento certo de especializá-lo, este jogador tenha todo o repertório motor, cognitivo e psicológico para assumir a sua posição no grupo, e efetuá-la de maneira precisa e satisfatória técnica e taticamente.

Um comentário:

  1. Vagnin..

    Não entendi nada cara (futsal nunca foi meu forte), mas to contigo, é isso aí, rsrsrs

    abraços

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