Mamãe da Rua com 3 pegadores e facilitação da observação dos espaços vazios:
Acredito que todos conheçam a brincadeira conhecida como mamãe da rua, dono da rua e que ainda pode ser conhecido por outros nomes.
Esta brincadeira popular pode ser levada ao ambiente de aprendizagem do Futsal, principalmente quando se tem o objetivo e ensinar a ocupação dos espaços vazios e a possibilidade de execução da finta-tática (Desmarque).
Através de pequenas adaptações deste jogo, é possível potencializar a aprendizagem desses aspectos do jogo.
Abaixo, breve descrição da atividade:
Os pedestres (fugitivos) deverão atravessar uma região (rua) que é protegida por um ou mais jogadores (os pegadores ou donos da rua), saindo de um lado (calçada) para o outro lado da rua (outra calçada), lugares em que os pedestres estão salvos.
Regras Básicas:
Todos os pedestres devem receber dois barbantes ou coletes que devem ser presos lateralmente em seus shorts e bermudas, assemelhando-se a dois rabinhos que são utilizados em brincadeiras como o pega-rabo.
O dono da rua deverá tentar retirar um dos barbantes ou coletes dos pedestres. Caso consiga, ele deixa a rua e vira pedestre, e o pedestre vira dono da rua, entregando seu outro barbante a quem ao então pegador.
Todos devem tentar atravessar a rua ao mesmo tempo, ao sinal do professor, não valendo retornar para a calçada em que estavam.
Considerações pedagógicas:
Esta é a matriz básica do jogo. Observa-se que nesta adaptação não basta o dono da rua pegar o pedestre, mas sim retirar um de seus barbantes, fator de facilita a chance de o pedestre conseguir, mesmo depois de tocado, ultrapassar o dono da rua com movimentos de quadril, pernas e tentando enganar o pegador.
Jogado assim, o jogo já traz consigo o elemento básico da finta-tática. O pedestre tentará aproveitar os espaços que sobram na rua para ultrapassar de uma calçada para a outra e, em caso de ser obstruído pelo dono da rua, tentará fintá-lo. Assim, prevalece a regra de tentar passar a rua pelos espaços vazios, sendo a finta, uma emergência desta ação.
O jogo pode ser realizado de várias formas: cada um com uma bola driblando-a, com mais de um pegador e assim por diante.
Porém, pensando na aproximação ao jogo de Futsal e nas possibilidades de manipular as variáveis do jogo de forma que todos os alunos possam ser avaliados quanto à sua tomada de decisão frente aos problemas do jogo, sugiro a seguinte variação do jogo, descrita a seguir:
Utilizando-se da quadra de voleibol como terreno de jogo, coloca-se três pegadores, dois responsáveis pela proteção daquilo o que seria o fundo da quadra de vôlei (limitada pela linha de fundo e linha de 3 metros da quadra) e um seria o responsável pelo centro da quadra (região entre as duas linhas dos 3 metros), com os pedestres divididos em trios, ficando 2 na mesma calçada e um na calçada do outro lado da rua com uma bola no pé, conforme a figura no fim do artigo. Observe que existe uma linha que atravessa todo o comprimento da quadra, dividindo-a em duas metades (essa linha pode ser traçada com fita zebrada presa nas extremidades com fita crepe, giz ou uma corda bem fina), sendo que o pegador, antes do sinal do professor não poderá adiantar-se à frente desta linha.
Ao sinal do professor, três situações ocorrerão quase que simultaneamente:
- Os donos da rua deverão deslocar-se e bater as mãos em uma das linhas que limita sua região de jogo, à esquerda ou à direita (no caso dos pegadores que estão no fundo da quadra de vôlei, eles deverão bater as mãos ou na linha de fundo, ou na linha de 3 metros, e o pegador do centro deverá optar por bater a mão ou na linha de três metros de sua esquerda ou da direita);
- Os pedestres sem bola deverá observar para qual lado o pegador se desloca e tomar a decisão sobre que lado deverá correr (o lado em que o pegador correu ou o lado em que o pegador deixou livre);
- O jogador com a bola deverá passá-la para seu companheiro que busca a melhor decisão, para que ele a receba antes da metade da quadra, pois o pedestre só poderá atravessar a rua com a posse da bola (não vale driblar a bola nesta atividade), caso contrário, troca de lugar com o pegador.
Essas três ações transformam a brincadeira em um jogo de muitas tomadas de decisão simultâneas: De que lado eu devo correr? Quando e como devo passar a bola? E se o pegador conseguir se colocar à minha frente, o que devo fazer?
Neste jogo a possibilidade da finta surgir como emergência de uma ação mais complexa (o contexto do jogo) é muito recorrente e possível, e estará contextualizada com algo muito semelhante ao que ocorre num jogo de Futsal.
Para controlar a dificuldade do jogo pode-se aproximar ou distanciar a linha que divide a quadra ao meio, sendo que quanto mais próxima a linha estiver do lado em que está o jogador sem bola, mais fácil será atravessar a rua e quanto mais distante estiver a linha, mais difícil será ocupar um espaço vazio sem que o pegador consiga recuperar-se e marcar o pedestre. Cabe ao professor avaliar em que momento controlar esta variável do jogo.
Abaixo, tento traduzir essas regras em um esquema com figuras que mostram todas as possibilidades de respostas que o jogo oferece (clique na imagem para ampliá-la).
Figura 1. Etapas do Jogo que poderá ensinar o conceito da finta-tática.
E então? Dá ou não dá pra ensinar a fintar-taticamente com um joguinho como este?
Basta, para isso, conhecer o jogo de Futsal e saber como condicionar o jogo aos seus objetivos de ensino.
Até o próximo artigo ...
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